As Arènes de Lutèce, Arenas de Lutécia, são as mais importantes ruínas, depois das Thermes de Cluny, remanescentes do período Galo-Romano de Paris. Os vestígios permitem vislumbrar um anfiteatro com espaço para 15 mil pessoas sentadas, no qual se apresentavam gladiadores em combates e outros espetáculos populares.
Construído no século I, o anfiteatro era circundado por uma parede de 2,5 metros de altura, seu palco tinha 41,2 metros de extensão e permitia a apresentação de produções teatrais e combates de gladiadores ou animais. Os assentos destinados aos escravos, pobres e mulheres eram os mais altos enquanto os homens classificados como cidadãos romanos aproveitavam os espetáculos nos assentos mais abaixo, próximos do palco.
No ano de 280 DC, o anfiteatro foi saqueado durante as invasões bárbaras e, a seguir, parte das pedras de sua estrutura foi levada para reforçar as defesas da cidade, ao redor da Île de la Cité. O anfiteatro acabou caindo no esquecimento e alguns séculos depois ninguém mais sabia ao certo onde estava localizado.
A Reforma Urbana de Paris, que destruiu tantos edifícios históricos para dar lugar às grandes avenidas e boulevards, acabou permitindo a descoberta das ruinas das Arènes de Lutèce. O arqueólogo Théodore Vacquer fez a descoberta durante a abertura da Rue Monge, entre os anos de 1860 e 1869.
Após a descoberta, foi organizado um comitê favorável à preservação, encabeçado pelo escritor Victor Hugo, que lutou pela proteção desse tesouro arqueológico. Conseguiu-se assim que cerca de um terço da arena fosse desenterrada, restaurada e transformada em espaço público, inaugurado finalmente em 1896.
Durante o começo do século XX, o antropólogo Louis Capitan realizou mais escavações para encontrar outros vestígios do antigo anfiteatro e completou sua restauração em 1918. Grande parte da estrutura original, porém, se perdeu sob os alicerces dos edifícios do entorno.