As Catacumbas de Paris evocam as antigas Catacumbas de Roma e, desde a sua criação, despertaram curiosidade não só entre populares como também entre a aristocracia. Em 1787, o conde d'Artois, futuro rei Carlos X, foi visita-las com as damas da corte, em 1814 foi a vez de Francisco I, imperador da Áustria. Em 1860, Napoleão III percorreu os túneis macabros com seu filho.
Os ossos de seis milhões de parisienses estão alojados em aproximadamente 780 metros de tortuosas galerias subterrâneas com área total de mais de 10 mil metros quadrados. Em cada lado dos corresdores, os ossos estão meticulosamente empilhados numa estranha geometria. Há uma inquietante decoração formada com crânios ligeiramente salientes das pilhas. No entanto, por trás desses alinhamentos, milhares de esqueletos permanecem amontoados em desordem. Várias placas informam a procedência e o ano da transferência de cada agrupamento de ossos
Da igreja de Saint-Paul, foram transferidos os restos mortais de Rabelais, François Mansart, Jules Hardouin-Mansart, o homem da máscara de ferro ou Jean-Baptiste Lully. De Saint-Etienne-du-Mont foram transferidos os de Racine, Blaise Pascal e Marat; de Saint-Sulpice os restos de Montesquieu. Do cemitério de Ville-l'Evêque, foram levados os ossos de mil guardas suíços massacrados nas Tulherias em 1792 e das 1343 pessoas guilhotinadas em Paris durante a Revolução Francesa, entre 1792 e 1794, incluindo a assassina de Marat, Charlotte Corday. Durante a Restauração monárquica (abril de 1814 – julho 1830) houve a transferência dos ossos do cemitério de Errancis e, nessa leva foram parar nas Catacumbas os restos de Danton, Camille Desmoulins, Lavoisier e Robespierre.
A transferência dos restos mortais começou no dia 7 de abril de 1786, após os rituais de consagração dos túneis subterrâneos, e se prolongou até 1788. O transporte era efetuado sempre ao anoitecer com uma procição de padres e auxiliares portando tochas. Ao longo do trajeto cantavam o ofício dos mortos e eram seguidos pelas carroças funerárias repletas de ossos cobertos por um veu negro, a seguir despejados através de um poço que ainda existe na altura do nº 21 da Av. René-Coty.