Situada no coração do Quartier Latin, a Chapelle Sainte-Ursule de la Sorbonne, ou simplesmente Chapelle de la Sorbonne, é um dos mais importantes exemplos da arquitetura barroca francesa e um marco histórico ligado à Universidade de Paris, também conhecida como Sorbonne. Obra prima da arquitetura religiosa da Contrarreforma Católica, sua construção foi iniciada em 1627, a mando do poderoso ministro do rei Luís XIII, cardeal Richelieu, que desejava criar um espaço de culto imponente para a universidade e, posteriormente, instalar ali seu próprio mausoléu. O projeto, conduzido pelo arquiteto Jacques Lemercier, cresceu à medida que o poder de Richelieu se consolidava, especialmente após o episódio da Journée des Dupes, que garantiu sua ascensão política. A capela foi concluída em 1642, ano da morte do cardeal mas, ironia do destino, ele foi sepultado no local sem ter visto a obra concluída.
A capela possui duas fachadas. Uma delas voltada para a praça, notável expressão do Barroco francês, com dois níveis de colunas e uma imponente cúpula, primeira do gênero em Paris. Sua construção reflete a influência da Contrarreforma Católica. A fachada interna, que dá para o pátio da Sorbonne, evoca o estilo clássico da Antiguidade, lembrando o Panteão de Roma. A decoração da capela é simples, com detalhes atribuídos ao pintor Philippe de Champaigne e, no altar-mor, encontra-se o túmulo de Richelieu, uma obra-prima do escultor François Girardon.
Além de seu papel religioso, a Chapelle de la Sorbonne foi, ao longo dos séculos, um centro de atividades acadêmicas e culturais, sediando importantes cerimônias da universidade. Durante a Revolução Francesa, a capela foi atacada e saqueada pela população, que via nela um símbolo do absolutismo e das injustiças do Antigo Regime, sendo convertida em templo da Razão. Apesar dessas turbulências, sua importância histórica e riqueza arquitetônica foram preservadas.
A Chapelle de la Sorbonne é uma das grandes joias do patrimônio histórico e arquitetônico de Paris. Visitar a capela é como um mergulho na história da educação superior na França, mas também uma oportunidade de admirar a beleza de uma das estruturas barrocas mais notáveis da cidade, símbolo de uma longínqua época em que o saber e a fé ainda caminhavam de mãos dadas.