Fontaine de L'Observatoire

A Fonte das Quatro Partes do Mundo, ou Fonte do Observatório, é uma das mais belas de Paris. Construída entre 1867 e 1874 com projeto de Gabriel Davioud (autor também da Fontaine Saint-Michel), contou com a participação de vários artistas. O grupo Quatro Partes do Mundo, figuras femininas que seguram o globo decorado com os signos do zodíaco, foi executado por Jean-Baptiste Carpeaux. As mulheres representam a África (uma negra), a América (uma indígena), a Ásia (uma asiática) e a Europa (uma européia). Após a morte de Carpeaux, Emmanuel Frémiet realizou os oito cavalos-marinhos, os peixes e as tartarugas da bacia. A escultora Eugène Legrain esculpiu o globo e o friso com os signos do zodíaco e Louis Villeminot realizou o friso e as guirlandas que decoram o pedestal.

A fonte foi proposta em 1866, para integrar o Jardins des Grands Explorateurs, no grande eixo de ligação entre o Luxembourg e o Observatório de Paris, criado durante a grande reforma urbana de Paris dirigida pelo prefeito, Barão Haussmann, durante o reinado de Napoleão III. O escultor escolhido foi Jean-Baptiste Carpeaux (1827-1875), vencedor do Prix de Rome em 1854, que em1869 realizou a obra prima La Danse para a fachada da Ópera de Paris.

Davioud exigiu do escultor que a obra não obstruísse a visão do observatório de Paris para quem vinha dos jardins. Carpeaux projetou uma fonte que tem grandeza, sobretudo quando a água jorra, e ao mesmo tempo leveza e transparência. Depois de vários estudos, ele criou o grupo de mulheres, cujos corpos torcionados sugerem que a esfera gira, dando movimento ao conjunto.

Interrompida pela Guerra Franco-Prussiana de 1870 e pela revolta da Comuna de Paris em 1871, a obra foi retomada em 1872, quando modelos de gesso foram expostos no Salão de Paris. Carpeaux estava com câncer e observava à distância as esculturas sendo instaladas. Ele morreu no ano seguinte, com apenas 48 anos. A fonte foi inaugurada em 1874.

A primeira reação diante dos modelos de gesso apresentados no Salon, foi hostil. O crítico Jules Clarétie escreveu: "Essas mulheres magras e insalubres, com seus flancos desperdiçados, coxas alongadas e franzidas, estão girando em um círculo bizarro sem nenhuma graça ...”

Carpeaux já provocara escândalo com La Dance, na medida em que a livre expressão das emoções desencadeadas pela dança nos rostos das figuras femininas e a torção barroca dos corpos contrariava os cânones da arte acadêmica dominante. No entanto, pouco tempo depois de sua morte, Carpeaux tornou-se uma unanimidade e foi entronizado no seleto grupo dos gênios da escultora francesa. A fonte é considerada uma das obras-primas do grande artista.