Le Procope pretende merecer o título de mais antigo café restaurante de Paris. Na verdade, um Café Procope foi inaugurado em 1686 e ficou ativo até 1890, quando fechou as portas. O atual Procope ocupa o mesmo local, é mais recente, mas defende a tradição do nome.
O antigo café, curiosamente, foi aberto por um italiano, Francesco Procopio dei Coltelli, siciliano que chegou na França em 1670 e trabalhou como garçom num café da rue de Turnon. Em 1686 ele adquiriu um estabelecimento neste local e depois de reforma-lo e decora-lo luxuosamente, o inaugurou em 1689 como Procope, afrancesamento de seu nome. O café, bebida ainda exótica, era servido por garços vestidos com roupas tradicionais turcas.
Em 1689 a Comédie Française (les Commediens du roi) se estabeleceu do outro lado da rua e o Procope tornou-se point preferido dos atores e frequentadores do teatro, título que manteve durante o século seguinte. Consta que no dia 18 de dezembro de 1752, durante a primeira apresentação de sua peça “Narcisse”, Jean-Jacques Rousseau se retitou do teatro e foi beber no Procope, tendo declarado que a peça era chata.
No século XVIII o Procope era um café de intelectuais e políticos e foi frequentado por escritores e filósofos, como Voltaire, d’Alembert e Denis Diderot. Durante a Revolução Francesa foi um centro de reuniões políticas e conchavos. Os jacobinos Robespierre, Billaud-Varenne, Cambacérès e Desmoulins conspiravam com frequência em suas salas. Diz a lenda que o Gorro ou Barrete Frígio, que se tornou símbolo da liberdade e marca registrada da Revolução Francesa, foi apresentado por primeira vez no Procope.
A lista de celebridades acolhidas pelo primeiro Procope durante seus 200 anos de existência é imensa e muito variada. Vai de Benjamin Franklin, estadista da independência dos Estados Unidos a poetas como Paul Verlaine. Até o grande Montesquieu, autor de O Espírito das leis, não somente foi frequentador como escreveu a respeito na 36ª das Cartas persas.
Quando o primeiro Procope fechou em 1890, Anatole France, um dos mais célebres escritores do século XIX e prêmio Nobel de 1921, escreveu: “O Café Procope desapareceu. Ele tinha muita glória, porem pouco dinheiro” O atual Procope enfrenta o enorme desafio de honrar esse passado glorioso.