Quase secreto este monumento não é percebido pela maioria dos turistas que passam enfeitiçados pela paisagem parisiense. Implantado alguns metros abaixo do nível da rua em frente ao Square João XXIII, no extremo leste da Île de la Cité, este impactante memorial é uma homenagem aos 200.000 judeus, comunistas, homossexuais e heróis da resistência que foram deportados e morreram nos campos de concentração nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. A obra, inaugurada em 1962, foi projetada pelo arquiteto Georges-Henri Pingusson e consegue transmitir uma forte sensação de angustia e claustrofobia que nos sintoniza mocionalmente com as vítimas dessa barbárie.
No coração do memorial um longo e estreito corredor é iluminado por 200.000 pontos luminosos de cristal de quartzo, tributo às mulheres, homens e crianças martirizados pelos nazistas e fascistas que colaboraram com eles na França.
Nas paredes internas estão gravados trechos do marcante poema "Ce coeur qui haïssait la guerre" (Aquele coração que odiava a guerra) do poeta Robert Desnos, que lutou com a Resistência Francesa, foi preso pela Gestapo no dia 22 de fevereiro de 1944, enviado a sucessivos campos de concentração e morreu, devido aos maus tratos sofridos, no dia 8 de junho de 1945, um mês após a libertação dos prisioneiros pelo exército da União Soviética: "Aquele coração que odiava a guerra/ Eis que ele bate pelo combate e pela batalha! / Aquele coração que só batia ao ritmo das marés, das estações, / ao ritmo das horas do dia e da noite, / Eis que agora se estufa e envia para as veias/ Um sangue ardente de pólvora e ódio..."