O Moulin de la Galette era um antigo moinho de vento situado no topo da colina de Montmartre, construído em 1622, e conhecido como Blute-fin. Em 1809 foi adquirido pela família Debray, junto com o moinho Radet, de 1717. No século XVIII havia 14 moinhos na região, destinados a moer trigo, prensar uvas e flores. Restaram apenas dois: o Blute-fin e o Radet.
Em 1809 o moinho Radet foi adquirido pela família de moleiros Debray, que passou a produzir com o trigo que moía uma broa denominada galette, servida com um copo de leite. A galette tornou-se a tal ponto popular que o moinho passou a ser conhecido como “Moulin de la Galette”.
O Moulin de la Galette é também um marco de lutas patrióticas. Em 1814, durante as Guerras Napoleônicas, após a derrota de Napoleão Bonaparte, Montmartre foi invadida pelos cossacos. Os membros da familia Debray participaram da defesa da colina e três perderam a vida na luta. Tempo depois, durante a Guerra Franco-Prussiana, com a derrota de Napoléon III, em 1871 a colina de Montmartre foi atacada por 20 mil soldados prussianos. Durante os combates o moleiro Pierre-Charles Debray foi morto e seu corpo foi pregado às pás de seu moinho.
Um dos Debray que sobreviveram aos combates de 1814 resolveu abrir junto ao moinho, por volta de 1830, um bar popular, uma “guinguette”, como eram chamados esses espaços em que se podia dançar, trocou leite por vinho e passou a atrair muita clientela. Os parisienses iam a Montmartre para aproveitar “os prazeres simples da vida” em um ambiente bucólico, com vinho, pão fresco e uma vista deslumbrante de Paris.
A seguir, num espaço adjacente, começaram a ser realizados os célebres bailes do Moulin da la Galette, imortalizados nas obras de Van Gogh, Renoir, Pissarro, Utrillo, Dufy, Toulouse-Lautrec, Picasso e outros grandes artistas. Entre os quadros que retrataram esses bailes, o mais famoso é sem dúvida Bal du moulin de la Galette, de Renoir.
Ao longo do tempo, o edifício passou por uma série de usos: café a céu aberto, salão de música e estúdio de televisão até, em 1939, ser classificado como monumento histórico. Atualmente, ao lado do moinho reconstruído, há um restaurante chamado “Le Moulin de la Galette”.