Subindo a ladeira da rue de Belleville pode-se ver a Tour Eiffel ao longe. No número 72 ha uma placa comemorativa que diz “nas escadas desta casa nasceu na maior miséria, no dia 19 de dezembro de 1915, Edith Piaf, cuja voz, mais tarde, comoveria o mundo”. Belleville aparece repetidamente no filme sobre a vida da cantora, La Vie En Rose. No n° 139 está a église Saint-Jean-Baptiste de Belleville, construida em estilo neogótico pelo arquiteto Jean-Baptiste-Antoine Lassus entre 1854 e 1859. Mais adiante, no n° 213, pode ser visto um regard, o Regard de la Lanterne, pequeno edificio que protegia o acesso para a inspeção de um aqueduto e tombado como monumento histórico desde 1899.
A rue de Belleville reflete as vagas de imigração que o bairro acolheu. Esta diversidade surpreende os turistas mal informados que não encontram a mesma paisagem urbana e humana dos bairros chiques de Paris. Para eles Belleville “não tem a cara de Paris”, quando na verdade esta é “uma das caras” de Paris. No entanto, desde que um conhecido jornalista de gastronomia escreveu um artigo sobre os bairros menos badalados de Paris para uma famosa revista de haute cuisine, a rue de Belleville atraiu as atenções. Isto inquietou os moradores, receosos de que uma avalanche de turistas invadisse a área.
Na diversidade de Belleville palpita o coração parisiense e transpira o orgulho de um bairro de trabalhadores e proletários. O seu legado de manifestações de rebeldia e criatividade ainda é visível. A área acolhe mais músicos e artistas do que qualquer outra zona de Paris.
Na rue de Belleville, há uma série de restaurantes chineses que convivem fraternalmente com os tradicionais e intimistas cafés parisienses típicos do bairro. O mais antigo e famoso é o La Vielleuse, no nº 8, mas há quem goste mais do Aux Folies, no nº 9, onde costumavam se apresentar Edith Piaf, Maurice Chevalier e outras estrelas dos grandes cabarés parisienses. O seu terraço parece um microcosmo do bairro, misturando antigos moradores, hipsters, e muitos “bobôs” (Bourgeois-bohème) burgueses boêmios de meia idade.
Numa pequena travessa encontra-se o Le Baratin (3, rue Jouye-Rouve), um dos melhores bistrôs de Paris, frequentado por jornalistas, chefs de cuisine nos seus dias de folga e viajantes bem informados. O almoço de dois pratos a um preço acessível faz dele um dos melhores restaurantes em termos de custo-benefício da cidade. O jantar à la carte é excepcional, mas bastante mais caro que o almoço.